segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Homenagem da Argentina aos heróis latino-americanos no ano do Bicentenário

Foi um dos atos oficiais mais importante do Bicentenário da Independência argentina e não faltou polêmica. No dia 25 de maio de 2010 foi inaugurada pela presidenta Cristina Kirchner a Galeria dos Patriotas Latino-americanos do Bicentenário. A galeria em questão funciona na vasta sala Balcarce 50 na Casa Rosada.

Nessa data, às vésperas do dia mais importante dos festejos pelos 200 anos, nas paredes do salão foram penduradas pinturas de reconhecidos artistas latino-americanos que homenageiam homens e mulheres que lutaram pela libertação do continente.
Entre os quadros aparecem os rostos de Ernesto Guevara, José Martí, Jacobo Arbenz, Oscar Arnulfo Romero, Tupac Amaru II, Salvador Allende, Francisco Solano López, José Gervasio de Artigas, Juan Domingo Perón, Eva Duarte, Juan Manuel de Rosas, José de San Martín, Manuel Belgrano, Hipólito Yrigoyen, Augusto César Sandino, José María Morelos. Rodeada por esses retratos, a presidenta falou em cadeia nacional sobre o significado do aniversário de 25 de maio de 1810 para a Argentina.

O evento contou com a presença de presidentes estrangeiros, sobretudo latino-americanos. Com grande antecedência, a Chancelaria fez chegar a todos os presidentes da América Latina uma carta pessoal assinada de punho e letra pela própria Presidenta. Compareceram o chileno Sebastián Piñera, o uruguaio José “Pepe” Mujica, o venezuelano Hugo Chávez, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o equatoriano Rafael Correa, o boliviano Evo Morales e o paraguaio Fernando Lugo.

Faltaram ao evento o peruano Alan García e o colombiano Alvaro Uribe: ambos se desculparam pela impossibilidade de participar e mandaram representantes ao ato oficial presidido pela presidenta Cristina Kirchner. No discurso em cadeia nacional feito pela presidenta, se pode ver os presidentes convidados; que tiveram um lugar privilegiado no salão que se transformou na Galeria dos Patriotas Latino-americanos do Bicentenário.

Abaixo o trechos texto do Jornal argentino Página 12:

De 1910 a 2010
Na Presidência, consideram que estes festejos do Bicentenário terão uma marca que não fugirá da polêmica e que, por isso mesmo, promoverá debates em torno da história argentina. Essa é a razão pela qual se acondicionou um dos principais salões da Casa Rosada com retratos de figuras emblemáticas das lutas de emancipação dos séculos XIX e XX.

No Governo, sabem que a inclusão de Che nesta lista será motivo de discussão. Como também a de Rosas, uma personalidade controvertida para o pensamento liberal. “Melhor que se discuta, a polêmica faz crescer as sociedades”, argumentou o funcionário que tem a incumbência da realização dos festejos do Bicentenário.

No Executivo, além disso, avaliam que a ideia de criar uma Galeria dos Patriotas Latino-americanos permitirá ratificar, através de um gesto, a vocação argentina de seguir avançando na integração latino-americana. E esse gesto representará um contraste com as prioridades do primeiro Centenário, quando a Argentina se imaginava branca, europeia e sócia das potências como provedora de matérias-primas.

No contexto dos festejos, veio à memória que, em 1910, os presentes mais importantes que a Argentina recebeu por seus cem anos de vida independente vieram de três Estados europeus: Espanha, Itália e França. Poucos recordam que, pelo Centenário, a Espanha presenteou a Argentina com um elevador de luxo para ser utilizado na Casa Rosada – o chamado “elevador presidencial”, ainda em funcionamento –, enquanto que a Itália e a França doaram duas escadas de mármore – chamadas de escadas da honra – que se converteram nas principais vias de acesso ao primeiro andar da sede de governo.

Uma se chama escada França; a outra escada Itália. “Há dez anos olhávamos para a Europa, agora estamos integrados na América Latina”, é a interpretação que fazem hoje no primeiro andar da Casa Rosada.

A Galeria dos Patriotas Latino-americanos será inaugurada no salão da planta baixa da Casa Rosada, que tem seu acesso a partir da porta de Balcarce 50. As pinturas que serão expostas estão fora da vista do público; serão colocadas nas últimas horas da segunda-feira, dia 24 de maio.

Em sua maioria, os quadros foram doados por presidentes estrangeiros: o critério adotado com as Chancelarias da região foi que o retrato de cada patriota viesse do país em que esse homem ou essa mulher desenvolveu suas lutas. Assim, por exemplo, o quadro de Ernesto Guevara foi doado pelo presidente cubano Raúl Castro; o de José Martí pelo próprio Fidel; o retrato do assassinado monsenhor Romero foi doado pelo presidente salvadorenho Mauricio Funes; o de Bernardo O’Higgins é uma doação do presidente chileno Sebastián Piñera.

A lista é completada por uma boa parte dos chefes de Estado latino-americanos: o mexicano Felipe Calderón fez chegar o quadro de Morelos; Michele Bachelet mandou o quadro de Allende; o nicaraguense Daniel Ortega doou a pintura de Sandino; Mujica, a de Artigas, Chávez, o retrato de Bolívar.

Cada um dos quadros já tem uma localização acertada. Isso significa que quando chegar o momento da transmissão em cadeia nacional a presidenta aparecerá em um plano televisivo que a mostrará frente ao microfone e com alguns das telas da Galeria como pano de fundo.

Quais serão os retratos que poderão ser vistos na tela, atrás de Cristina Kirchner, enquanto a chefa de Estado estiver pronunciando seu esperado discurso no ato oficial pelo Bicentenário? Segundo se pode apurar, serão as imagens de San Martín e Allende, duas figuras especialmente queridas e admiradas pelo casal presidencial.

(O vídeo com o discurso da inauguração do Salão dos Patriotas Latino-americanos está disponível no You Tube.)

Fonte: Página 12 (http://www.pagina12.com.ar/)

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